A bactéria que se alimentou de uma supernova


No início, o Universo tinha apenas átomos de hidrogênio, um tanto de hélio e um pouquinho de lítio, os três primeiros elementos da tabela periódica. Todos os outros elementos mais pesados, como o carbono do qual somos feitos e o oxigênio que respiramos, foram fabricados na gigantesca fornalha fusão nuclear das estrelas, sendo que, a partir do ferro, apenas pelas poderosas explosões de supernovas. Agora, cientistas acreditam terem encontrado isótopos de ferro criados por uma supernova específica no registro de fósseis de bactérias no leito do Oceano Pacífico.

Em apresentação durante reunião da Sociedade Americana de Física, que acontece esta semana no Colorado, Shawn Bishop, físico da Universidade Técnica de Munique, relatou que os isótopos de ferro-60, que não se forma na Terra, foram recolhidos do ambiente pelas bactérias para formar cristais magnéticos que elas usavam para se orientarem dentro do campo magnético da Terra na sua busca pelas condições ideais de vida. Bishop e sua equipe obtiveram amostras de sedimentos coletadas no fundo do oceano e datadas entre 1,7 milhão e 3,3 milhões de anos atrás. Por meio de uma técnica especial, eles conseguiram extrair das amostras apenas o ferro contido em fontes biológicas. Análise do material revelou a presença de ferro-60 em camadas datadas em 2,2 milhões de anos.

Os cientistas ainda não sabem que estrela em particular explodiu naquela época, mas uma das suspeitas estaria em um aglomerado de estrelas gigantes na região entre as constelações do Escorpião e do Centauro, a uma distância de aproximadamente 424 anos-luz. O ferro produzido pela supernova teria sido lançado para o espaço a velocidades próximas da luz, caindo na Terra naquela época. Caso a descoberta seja confirmada, será a primeira assinatura biológica da explosão de uma determinada estrela já encontrada em nosso planeta.

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